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arquiteturas e identidades do interior de são paulo
O interior de São Paulo, assim como o Brasil, também é composto de múltiplas realidades. Administrativamente, foi dividido em 2000 em áreas de influência nomeadas como regiões metropolitanas, das quais, as cidades de Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Ribeirão Preto são os principais centros catalisadores. A maior e mais representativa delas é a região de Campinas, que agrupa, em vinte municípios conurbados, cerca de 3.131.528 habitantes (IBGE, 2016) e abrange um território total de 3.791,910 km²(SEADE, 2002).



fotos: luciano avanço
Mesmo tendo diferenças específicas, essas várias regiões metropolitanas guardam traços comuns relacionados principalmente à sua paisagem urbana e linguagem arquitetônica predominante, com evidente similaridade morfológica em suas regiões centrais, em decorrência de códigos de obras, planos diretores e ciclos de desenvolvimento equivalentes. Historicamente, apresentou um crescimento que se intensificou a partir da explosão demográfica e urbana que se inicia nos anos 1950 no Brasil. Oriundas das grandes ondas migratórias de outros Estados e imigratórias de outros países, tais como Portugal, Japão, Itália, Suíça, Alemanha, Holanda, Líbano e Síria, todas essas novas populações se concentraram e estabeleceram importantes comunidades nestas zonas.



fotos: luciano avanço
No caso específico da região de Campinas, sofreu uma mudança radical de perfil, deixando uma configuração de cidade dos oligarcas cafeicultores, cidade do compositor Carlos Gomes, ou entreposto estratégico entre o interior e o porto de Santos no início do século XX, para assumir-se como um Polo de tecnologia e inteligência acadêmica, a partir do início dos anos 1990, com o CIATEC (Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas) e com duas das mais importantes universidades do país, UNICAMP e Pontifícia Católica de Campinas, que atraem alunos e pesquisadores de todo o continente sul-americano. Um interior que vive, portanto, com um pé em cada um desses dois mundos: entre o provincianismo das tradições e heranças históricas e as novidades promovidas pela alta tecnologia, entre a roça e o digital. Um refúgio para os evadidos da megalópole, um locus de um caipira conectado.




fotos: raul penteado
Assim como na capital, a explosão demográfica associada à fúria desenvolvimentista apoiada pela municipalidade, estado e iniciativa privada foi decisiva para a maciça verticalização que houve nesta cidade: caótica e desordenada, como na maioria da América latina. Sua paisagem urbana ficou marcada por várias camadas sucessivas de história, com algumas presenças importantes em sua arquitetura: Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Fábio Penteado, Mário Penteado, Joaquim Guedes, Ramos de Azevedo, entre outros.


fotos: rac e emdec
Toda a produção dos anos 1950/60 preparou e marcou uma nova geração seguinte de arquitetos locais que, em sua maioria, estudou em São Paulo ou Rio de Janeiro. Ao regressar, esta geração de profissionais consolidou a verticalização da cidade entre o final dos anos 1970 e os anos 1990, com obras reconhecíveis por algumas características comuns e recorrentes em todo interior de São Paulo: a dicotomia estrutura-vedação, o neoplasticismo na composição volumétrica, o rigor estrutural e a rusticidade dos materiais utilizados em estado natural. Uma linguagem tardo-moderna, como na maioria dos países periféricos, tendo como principal origem a escassez de recursos e a força do patrimônio moderno brasileiro. As referências mais evidentes: Vilanova Artigas, Oscar Niemeyer e Louis Kahn.



fotos: luciano avanço